
Frequentemente passamos o nosso dia em esforço, a lutar por objetivos, a tentar cumprir expetativas, nossas e das outras pessoas. E esforçamo-nos também para que os acontecimentos que se vão sucedendo na nossa vida, corram como desejamos. Mas isto pode implicar muito esforço, muito desgaste de energia, e pode trazer frustração e desilusão.
Quando nos sentamos para meditar, existem várias qualidades que o Mindfulness nos convida a cultivar, uma delas é a ausência de esforço.
Quando tomamos consciência da respiração, não precisamos de fazer esforço para respirar, podemos deixar que o corpo respire naturalmente, sem a nossa intervenção, sem o nosso esforço.
Podemos permitir-nos apenas apreciar a respiração, apreciar o facto de o nosso corpo ser capaz de captar o ar que nos traz oxigénio, e de ser também capaz de expelir o dióxido de carbono.
Podemos ficar sentados apenas a testemunhar o processo da respiração a acontecer, sem fazer nada, sem precisar de alcançar nenhum objetivo, sem tentar concretizar nada, apenas ser.
E quando nos é possível permitir que a respiração aconteça desta forma, naturalmente, sem precisarmos de intervir, sem precisarmos que ela aconteça de uma determinada maneira é possível começar a soltar tensão, medo e ansiedade.
Estar consciente desta forma, significa que o controlo dá lugar à aceitação da experiência.
Criamos um espaço de recetividade e de abertura para que a experiência se desenvolva momento a momento, sem precisar da nossa intervenção.
Relaxamos, não porque nos esforçamos a relaxar, ou porque desejamos que aconteça, mas porque largamos a exigência de termos que relaxar.
É quando deixamos de controlar o resultado, quando largamos a exigência de a experiência acontecer de uma determinada forma, que o cansaço e a frustração, que resultam de lutar contra a experiência, dão lugar a estados de leveza, clareza e serenidade.
Paradoxalmente, é a forma como nos sentamos, ou seja, as atitudes que cultivamos que vão criar um resultado melhor para nós, e não o esforço para fazer bem.
Susana Rocha
Professora de Mindfulness